
Mais de 100 mil pessoas podem ter morrido após o terremoto no Haiti, segundo uma projeção feita pelo primeiro-ministro do país caribenho, Jean-Max Bellerive, à rede americana CNN.
Segundo ele, a maior parte da capital Porto Príncipe está completamente destruída. A cidade tem 3 milhões de habitantes, um terço da população haitiana.
O embaixador americano no Haiti, Raymond Joseph, relatou à CNN que todos os principais prédios do governo do país foram destruídos ou parcialmente danificados com o tremor de terra, que ocorreu na noite de terça-feira e chegou a 7.0 pontos na escala Richter.
A maior penitenciária local é um dos prédios estatais mais afetados. Todos os presos fugiram. A situação é caótica, segundo os relatos que chegam principalmente por e-mail e por redes sociais na internet, como o Twitter, já que as linhas telefônicas não estão funcionando.
O forte terremoto que atingiu o Haiti na terça-feira matou ao menos 11 militares brasileiros que estavam em missão no país e deixou outros nove feridos, informou o Exército na tarde desta quarta (13). Ainda há quatro militares desaparecidos e três sob escombros, segundo o Exército. Entre os feridos, dois foram transferidos para a República Dominicana.
O presidente do Haiti, René Préval, em sua primeira entrevista desde o tremor da terça-feira, disse temer que milhares de pessoas tenham morrido. Préval fez um apelo por ajuda internacional às vítimas do terremoto e descreveu como um "cenário inimaginável" a situação em que se encontra a capital Porto Príncipe.
"É uma catástrofe. Eu ando na rua pisando em corpos. Há uma série de pessoas soterradas. Nós precisamos de ajuda!", disse Préval ao jornal Miami Herald. "Ouvimos choros sob os escombros."
As autoridades do país não sabem precisar um número de vítimas. Préval falou em "milhares". Os principais prédios do governo não estão funcionando. "O parlamento veio abaixo", relatou o presidente haitiano. Dentre os sobreviventes do soterramento do parlamento está o presidente do senado do país, Kely Bastien. Não há estimativa de quantas pessoas tenham morrido no parlamento.
Préval e a primeira dama Elisabeth não estavam no prédio no momento do terremoto. Ele disse não ter dormido desde o incidente, ocorrido na noite de terça-feira.
"Escolas vieram abaixo, hospitais vieram abaixo, a cidade inteira está em colapso", disse Préval. Porto Príncipe tem 3 milhões de habitantes.
Ajuda brasileira
O governo brasileiro prepara uma ajuda às vítimas do terremoto no Haiti que pode chegar a US$ 15 milhões, informou nesta quarta-feira (13) o Ministério das Relações Exteriores. A Força Aérea Brasileira (FAB) cedeu oito aviões para transporte de água e alimentos para as vítimas.
Três C-130 Hércules e um Boeing 707 já estão de prontidão no Rio de Janeiro, bem como quatro C-105 Amazonas, em Manaus. Em nota, a FAB informa que na noite de terça-feira (12) um avião da FAB que transportava militares para o Haiti não conseguiu pousar em Porto Príncipe, e seguiu para São Domingos, na República Dominicana, e voltou em seguida para Boa Vista, em Roraima.
Paralelamente, o governo brasileiro deverá doar de US$ 10 milhões a US$ 15 milhões para o Haiti. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanha de perto a situação no país.
Segundo o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, Lula está "chocado" com a tragédia. Sobre a morte de Zilda Arns, ele disse que Lula "lamentou muitíssimo" o desaparecimento de uma pessoa de grande projeção no país, que estava no Haiti em trabalho de assistência humanitária. Amorim também se disse consternado com a notícia.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou que o senador Flávio Arns (PSDB-PR), sobrinho de Zilda, irá ao Haiti no avião da FAB que parte ainda hoje para o país. Jobim também irá a Porto Príncipe, com militares e o embaixador do Brasil no Haiti, Ygor Kipman