
A argentina Ternium fechou ontem a compra de participação na Usiminas por cerca de R$ 5 bilhões. Com isso, ela passa a controlar a siderúrgica junto com a japonesa Nippon Steel. A fatia foi adquirida da Camargo Corrêa e da Votorantim, que, juntas, tinham 26% das ações com direito a voto, e do fundo de empregados da Usiminas – que também vendeu parte dos seus papéis. A Usiminas não comentou o assunto ontem.
Há cerca de dez dias, a Ternium confirmou que negociava a compra da Usiminas. A entrada da argentina encerra uma longa e acirrada disputa pela siderúrgica. Em setembro, segundo fontes próximas à companhia, a Gerdau havia feito proposta pela parte do controle, mas não teria se acertado com os japoneses da Nippon Steel. A Gerdau sempre negou ter feito oferta pela fatia da Camargo Corrêa e da Votorantim.
O empresário Benjamin Steinbruch, controlador da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), corria por fora, comprando ações na bolsa de valores. Hoje, ele é um grande acionista da Usiminas, mas não faz parte do bloco de controle. Ele agora tenta um assento no conselho da companhia. Usiminas e Ternium já foram parceiras, quando a usina brasileira tinha participação na empresa argentina. No início deste ano, no entanto, a Usiminas se desfez da fatia de 14,25% na Ternium. O negócio, na época, superou US$ 1 bilhão.
A Nippon Steel foi o fiel da balança nessa disputa. Sua posição era crucial para o fechamento da operação. Isso porque a siderúrgica japonesa tem um acordo de acionistas com a Camargo Corrêa e a Votorantim. Esse acerto, renovado recentemente, garante que, caso um dos acionistas do bloco opte pela venda da fatia que possui, a empresa deve oferecer, primeiramente, aos demais signatários do grupo. A Ternium entrou porque a Nippon Steel não exerceu o direito de preferência de compra.
Investimento
Mineração. De acordo com o presidente da Usiminas, Wilson Brumer, a siderúrgica deve investir R$ 2 bilhões no ano que vem. Boa parte dos recursos destinados para o projeto de mineração.
Ações da siderúrgica têm baixo desempenho
São Paulo. Na semana passada, as ações da Usiminas estavam entre as que mais caíram na BM&FBovespa. As ordinárias, com direito a voto, caíram 13,82%. A queda das preferenciais foi de 11,52%. No ano, as preferenciais recuavam 44% até a última sexta-feira, quando seu valor de mercado atingiu R$ 15 bilhões.
No terceiro trimestre, o lucro da Usiminas despencou 70% na comparação com o apurado um ano antes. O resultado foi afetado por um volume de vendas menor, pressão dos custos de suas matérias-primas e efeitos cambiais. No fim de setembro, a Usiminas tinha uma dívida total de R$ 8,9 bilhões – R$ 700 milhões a mais que no fim do ano passado. A dívida líquida estava em R$ 3,4 bilhões no encerramento do trimestre.